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Rede de apoio: ‘pedir ajuda ainda é visto como fraqueza’

Em um abraço menino deita no ombro da mãe que o abraça, enquanto ele repousa o rosto em seu ombro.

“É preciso uma aldeia para criar uma criança”, diz o provérbio africano. Mas, e quando vivemos em cidades e grandes centros urbanos, como criamos uma criança? Muito se fala na importância de formarmos rede de apoio, de termos pessoas que ajudem mães e pais na criação e educação das crianças. Mas o que significa isso exatamente?

Educar crianças é uma responsabilidade compartilhada. Mães e pais assumem as principais responsabilidades nos cuidados diretos, mas os cuidados em geral são compartilhados com diversas pessoas: a avó que cuida da criança por uma noite, a tia que olha por umas horinhas enquanto os pais não chegaram do trabalho, a professora e toda a equipe de educadores do ambiente escolar ou da creche que ficam responsáveis pelos cuidados durante várias horas por dia. Se expandirmos um pouco mais o nosso olhar, a vizinha que avisa que a criança está se pendurando de forma perigosa no brinquedo, o homem que segura a criança antes que ela corra para o meio da rua ou a pessoa que avisa que a criança colocou alguma coisa estranha na boca também estão participando dos cuidados de maneira esporádica.

Compartilhar cuidados e responsabilidades é uma forma de enriquecer o repertório afetivo e social da criança

Crianças são seres sociais como qualquer um de nós e convivem com muitas outras pessoas: outras crianças, professores, vizinhos, tios, avós, conhecidos, desconhecidos. Todas essas pessoas influenciam de alguma maneira no modo como os pequenos se desenvolvem e interagem com o mundo.  Cada encontro entre as crianças e outras pessoas nas esquinas da vida não são uma interrupção em suas trajetórias, são momentos de aprendizagem colaborativa, de desenvolvimento das capacidades sociais, emocionais, culturais e intelectuais dos indivíduos. Aprender com as diferentes visões de mundo é fundamental para a construção do caráter e para a percepção de que o mundo é mais amplo que o nosso núcleo familiar.

O provérbio africano fala que é necessária uma aldeia para se criar uma criança. Mas na prática, ainda teimamos em sobrecarregar mães e pais como se eles fossem os únicos responsáveis pelos cuidados. E pior, como se filhos fossem propriedade dos pais. Pedir ajuda ainda é visto como fraqueza, um sinal de que aqueles pais não tiveram competência para cuidar dos próprios filhos. Por outro lado, oferecer ajuda muitas vezes pode ser interpretado como uma intromissão em uma situação em que não nos cabe agir.  Nossas vivências estão baseadas em um modelo individualista de existência que nos impede de perceber a riqueza que é dividir com os outros as responsabilidades de cuidado e trabalharmos juntos em busca de um objetivo.

Compartilhar cuidados e responsabilidades é uma forma de enriquecer o repertório afetivo e social da criança, além de diminuir a carga para as mães e pais. Que tal pensarmos em formas colaborativas de educar as crianças, onde todos se sentem em alguma medida responsáveis pelo bem-estar das novas gerações? Podemos começar a construir nossas aldeias com nossos parentes, vizinhos e amigos.  Essas aldeias, ou redes de apoio, são fundamentais para que as crianças e desenvolvam de maneira integral e integrada.

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