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Conheça 8 projetos de meninas contra o racismo nas escolas

Foto de uma menina negra sorrindo com o seu cabelo afro solto

Meninas de todo o Brasil estão engajadas no combate ao racismo nas escolas, criando referências positivas de protagonismo que inspiram cada vez mais projetos com potencial transformador. O programa Criativos da Escola mapeou oito dessas iniciativas de estudantes do ensino fundamental e médio, em virtude do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho.

Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

A data foi criada em 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e é considerada um marco na luta das mulheres negras em todo o mundo. No Brasil, o dia foi oficialmente reconhecido em 2014, por meio da Lei nº 12.987/2014  e, desde então, o país celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza foi líder do Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso, no século 18. (Fonte: Criativos da Escola)

A identidade em “Naturalmente cacheadas”

A primeira das iniciativas vem do Sumaré, município da zona Oeste de São Paulo. Três alunas do Ensino Fundamental da Escola Estadual Profª Leila Mara Avelino, se levantaram contra os comentários racistas aos seus cabelos crespos, dando início ao projeto “Cabelo, autoestima e construção da identidade da menina negra”, um dos onze premiados da 4ª edição do Desafio Criativos da Escola.

Tudo começou com uma pesquisa realizada entre os 317 estudantes do colégio, gerando um debate sobre o racismo nas escolas com os seguintes resultados: 48% dos alunos afirmaram ter feito piadas sobre o cabelo das colegas e 30% das alunas declararam ter sido vítima dessas atitudes. A pesquisa também mostrou que muitos jovens negavam a própria identidade: apenas 18% se declaravam pardos e 23% pretos.

A partir daí, as meninas criaram o clube juvenil “Naturalmente Cacheadas”, um espaço de diálogo sobre autoestima, empoderamento e incentivo. Tudo para que pudessem assumir a beleza natural dos cachos.

Enfrentar o preconceito racial e o machismo ainda é uma tarefa desta geração. Seja em áreas rurais, nas periferias ou nos centros das grandes cidades, um primeiro passo para se engajar em ações positivas de mudança pode ser reconhecer os dados dessa realidade. E tudo isso pode começar pelas escolas.

No Brasil, embora a população negra seja maioria (54%), como aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria dos negros declara já ter sofrido racismo. A Pesquisa Datafolha, realizada em 18 e 19 de dezembro de 2018, constatou que os casos de discriminação racial no país seguem crescendo, tendo atingido 1/5  dos brasileiros.

Cronômetro da violência contra a mulher

  • Uma mulher é vítima de estupro a cada 9 minutos;
  • Três mulheres são vítimas de feminicídio a cada dia;
  • Uma pessoa trans ou gênero-diversa é assassinada a cada dois dias;
  • Uma mulher registra agressão sob a Lei Maria da Penha a cada dois minutos.

(Fonte: Instituto Patrícia Galvão)

Projetos de meninas contra racismo nas escolas

Divulgar e disseminar o trabalho de mulheres cientistas, inclusive brasileiras e negras pelo “Minas na ciência“. Esse foi o ideal que motivou alunas do interior da Bahia, da cidade de São Miguel das Matas a criar um aplicativo, um jogo da memória e outros materiais educativos sobre o tema. As meninas se tornaram multiplicadoras da história de vida das mulheres cientistas em vários eventos e espaços da cidade.

Meu cabelo é um ato político”. Esse projeto vem de Maracanaú, no Ceará e reúne mensalmente alunas negras da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Construindo o Saber para a promoção de ações contra o racismo nas escolas. Elas já criaram espetáculo de dança, exposição fotográfica, livros com relatos de atividades do grupo, rodas de conversa e palestras.

Finalistas do Criativos da Escola de 2017, o projeto “Lugar de Mulher é onde ela quiser” usa a arte para debater violência de gênero e educar a comunidade escolar sobre o direito das mulheres. É protagonizado por estudantes do 8º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Mozart Lago, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ).

Divulgação

Para contribuir com a desconstrução da discriminação, três estudantes de Sumaré criaram o projeto “Cabelo, autoestima e construção da identidade da menina negra”

A ideia surgiu após um episódio de racismo contra o padre da paróquia da cidade, Gilmar Assis, em junho de 2017, caso que repercutiu nacionalmente. A partir daí, duas alunas da Escola Municipal Flávio Mercês de Oliveira, de Serra Preta (BA), decidiram que queriam discutir preconceito racial e mudar essa realidade, aumentando a representatividade negra na escola por meio do “Bonecas Negras, Cadê?“. Junto com um grupo de estudantes, passaram a confeccionar e distribuir bonecas de pano negras entre as crianças.

Valorizar a cultura quilombola e criar opções de lazer para a juventude por meio do “Danças Ancestrais“. Esses foram os dois principais motivos que impulsionaram o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), no início de 2017 a e reunir com a então estudante do 2º ano do ensino médio, Carlúcia Alves Ferreira, e sugerir uma apresentação de dança no dia das mães. Os estudantes quilombolas de Candiba, na Bahia, se animaram e criaram um grupo de dança de ritmos africanos.

Quem disse que é preciso seguir as regras do padrão de beleza que a sociedade constrói e impõe às meninas? Cachos e crespos também são belos e as alunas do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual de Educação Profissional Professor José Augusto Torres, de Senador Pompeu (CE), sabem disso. Para enfrentar o preconceito sofrido por serem negras e em virtude de seus cabelos, elas criaram o “Crespinianas“, um grupo de estudos para discutir o tema e rodas de conversa sobre empoderamento jovem.

Oficinas de turbante, de penteado afro e ideias legais para cuidar do cabelo crespo. “Solta esse black” é um projeto de um coletivo de alunas do Rio de Janeiro, criado para empoderar garotas e combater o machismo e o racismo dentro da escola. As meninas afirmam que a iniciativa ajudou a diminuir os casos de opressão, além de contribuir com a valorização da identidade negra.

Criativos da Escola

O Criativos da Escola é um programa do Instituto Alana, que encoraja crianças e jovens a transformarem suas realidades. Protagonismo, empatia, criatividade e trabalho em equipe são os pilares centrais dessa iniciativa que busca envolver e estimular educandos e educadores de diferentes áreas no engajamento e na atuação em suas comunidades.

O projeto faz parte do Design for Change, movimento global que surgiu na Índia e está presente em 65 países, inspirando mais de 2,2 milhões de crianças e jovens ao redor do mundo.

(Fonte: Criativos da Escola)

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