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Por que as marcas não deveriam entrar na escola do seu filho?

Foto de uma criança em uma loja de brinquedos cheia de brinquedos diversos. Ela olha com uma cara paralisada para os brinquedos

A publicidade infantil deve ser controlada e fiscalizada. Conheça seus direitos e saiba como interferir.

Fevereiro. Fim de férias. Volta às aulas. Época em que crianças e famílias estão envolvidas no retorno à rotina, na compra de materiais escolares e uniformes. Há reencontros com amigos e professores. No horizonte, novas histórias, aprendizagens e desafios. Nesse momento de recomeço, convido à reflexão sobre a existência de publicidade na escola.

Se já escutaram frases parecidas com essas, certamente sabem do que estou falando.

As crianças são o público-alvo de muitas campanhas publicitárias desenhadas especialmente para elas, veiculadas nos diversos meios de comunicação e espaços que frequentam. A escola, infelizmente, é um deles.

É fundamental que famílias e educadores se unam para fazer frente à publicidade infantil, uma prática que nem sempre é fácil de ser identificada, e que impacta fortemente os estudantes, desde muito novos.

Empresas entram nas escolas públicas e privadas para entregar às crianças amostras grátis ou  folhetos promocionais de produtos, cursos de idiomas, passeios e pacotes de viagens. Posicionam seus chamativos cartazes nas cantinas escolares, influenciando o desejo de consumo na hora do lanche. Algumas apresentam espetáculos musicais ou teatrais protagonizados pelos ídolos infantis para, ao final, vender aos pequenos CDs, fotos, álbuns de figurinhas ou brinquedos.

Outras convidam as crianças a visitarem suas fábricas. E há aquelas que, por meio de estratégias bastante complexas, desenham conteúdos pedagógicos e materiais didáticos para envolver as crianças em competições esportivas, concursos culturais e desafios artísticos com a intenção de promover discursos e valores que atendem a seus interesses corporativos.

Campanhas comerciais nesses espaços são reforçadas pelo importante papel dos educadores nas vidas dos pequenos e passam por cima das famílias, já que elas, muitas vezes, só ficam cientes do que aconteceu depois que o impacto já aconteceu, quando os pequenos chegam em casa desejantes e transmitindo os novos conhecimentos adquiridos, baseados em discursos corporativos.

Não à toa, pesquisadores de diversas áreas, órgãos públicos e organismos internacionais já trataram do tema e ressaltam a importância de fazer das instituições de ensino um ambiente livre de publicidade para crianças. (Entenda aqui por que a publicidade na escola é abusiva e ilegal)

Diante desse cenário, em que muitas empresas querem falar com os estudantes porque os veem como consumidores efetivos e potenciais, hoje e no futuro, é importante que educadores e famílias estejam juntos e atentos em busca de alternativas para evitar o assédio publicitário.

A escola não pode ser um espaço que permite que crianças sejam transformadas em promotoras de vendas.

Não cabe às empresas promover atividades supostamente educativas sobre reciclagem, sustentabilidade, educação alimentar, artes ou brincadeiras para, de forma camuflada, vender à criança a ideia de que seus refrescos, lanches, lápis de cor, cadernos, iogurtes ou perfumes são excelentes e fundamentais para sua existência e felicidade.

A educação para o consumo pode e deve estar na escola. A educação para o consumismo, não! Esse tipo de educação interfere no processo criativo e na formação do senso crítico das crianças, porque apresenta um único caminho e espera, apenas e tão somente, que elas façam a escolha que os anunciantes entendem que é a certa. Como acontece com qualquer publicidade.

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