PL sugere que homens não troquem fraldas na Educação Infantil

PL sugere que profissionais do sexo feminino tenham exclusividade nos cuidados íntimos com crianças na Educação Infantil

Da redação Publicado em 21.10.2019
Imagem de um homem que na foto não aparece seu rosto. Ele está com as mãos trocando um bebê que está com as pernas levantadas
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Resumo

O Fórum Paulista de Educação Infantil redigiu um manifesto e está recolhendo assinaturas para que seja entregue na Assembleia Legislativa de São Paulo; confira o documento.

Pare e pense: quantos homens trabalham na escola ou creche do seu filho? Destes, quantos são formados em Pedagogia e exercem o cargo de professor? Afinal, por que há tão poucos homens na Educação Infantil? Este assunto voltou a entrar em pauta recentemente na cidade de São Paulo. As deputadas estaduais Janaína Paschoal, Letícia Aguiar e Valeria Bolsonaro, do partido PSL protocolaram no dia 16 de outubro o PL (projeto de lei) 1174/2019.

O texto sugere que os cuidados íntimos com as crianças, com destaque para banhos, trocas de fraldas e roupas, bem como auxílio para usar o banheiro, serão realizados exclusivamente por profissionais do sexo feminino. Já as atividades pedagógicas e aquelas que não impliquem cuidado íntimo com as crianças poderão ser desempenhadas por profissionais de ambos os sexos. A lei também se se aplicará aos cuidadores de crianças com deficiência.

Já falamos sobre este assunto aqui no Lunetas. Para Cristina Nogueira Barelli, coordenadora do curso de Pedagogia do Instituto Singularidades, tanto a presença masculina, quanto a feminina, são importantes no desenvolvimento da criança, e esse convívio deve estar presente na vida escolar.

Presença de homens na educação infantil

O Fórum Paulista de Educação Infantil redigiu um manifesto de repúdio (Leia aqui o texto completo) ao PL e está recolhendo assinaturas que serão entregues na Assembleia Legislativa de SP.  O texto-manifesto afirma que PL só reforça o processo de desigualdade de gênero, delineando a exclusão.

De onde vem o preconceito?
O fenômeno tem nome: androfobia. Durante muito tempo, a educação foi responsabilidade da mulher, já que esta era possuidora de “dons naturais para cuidar”, tornando a educação infantil uma vocação, e não uma profissão. (Fonte: “Relações de Gênero e Trabalho Docente na Educação Infantil: Um Estudo de Professores em Creche”, tese de Deborah Thomé Sayão para a Universidade Federal de Santa Catarina.

“A presença de professores, auxiliares e monitores nos espaços da Educação Infantil permite pensar em uma educação para a pequena infância na qual homens, mulheres, os bebês e as crianças pequenas aprendam no coletivo que as diferenças entre os sexos estão presentes e que ao serem afirmadas não se transformem em desigualdades, pelo contrário, que se criem formas de eliminação de hierarquias de gênero”, diz a redação do Pedagogo e mestre em Educação pela Unicamp, Peterson Rigato da Silva, membro do Fórum Paulista de Educação Infantil – FPEI.

O Fórum Paulista de Educação Infantil é uma instância comprometida com a Educação Infantil tanto no que se refere a assegurar o acesso a um atendimento de qualidade a todas as crianças de 0 a 6 anos quanto em fortalecer esse campo de conhecimentos e de atuação profissional no Estado de São Paulo.

Se aprovado, o projeto de lei seguirá para sanção do governador João Dória (PSDB).

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