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Para formar leitores críticos, o Joca faz notícias para crianças

Foto em preto e branco mostra três crianças lendo um jornal. Uma menina ao lado esquerdo e dois meninos ao lado direito.

Todos os dias nós, adultos, assistimos telejornais, acessamos notícias pelas redes sociais e lemos os portais que nos interessam para ficar a par do que está acontecendo ao nosso redor. Mas, e as crianças? Como elas se informam sobre os acontecimentos do dia a dia? Existem notícias para crianças?

Sim, o Joca. Ele é o primeiro e único jornal impresso para crianças no Brasil. Nasceu de um pedido deste público, que queria estar por dentro do que acontece para poder discutir com seus colegas. Stéphanie Habrich, diretora executiva do jornal acredita que “é fundamental formar crianças e jovens para participar de práticas reais de leitura e escrita, para que possam ler e compreender a si mesmos e o mundo que os cerca”. O conteúdo da publicação é produzido por jornalistas e pedagogos.

De acordo com Stéphanie , o jornalismo infantil segue os mesmos princípios éticos do jornalismo voltado para o público adulto. “Apuração, imparcialidade, pluralidade de vozes são as bases para o nosso trabalho”, disse ela. A diferença é que o jornalismo infantil procura aproximar as notícias da realidade das crianças. Para isso, a linguagem e a estrutura do texto devem ser adequadas a essa faixa etária. É possível falar sobre qualquer assunto – política, economia, cultura –, desde que se respeitem as particularidades deste público.

A cada 15 dias, o Joca chega na casa das crianças e faz muito sucesso. Sthephanie contou que recebe depoimentos de crianças dizendo gostar bastante do jornal. “Algumas já relataram que ficam contando os dias para a chegada do Joca. Outros dizem dormir com o jornal embaixo do travesseiro!”.

“Apuração, imparcialidade, pluralidade de vozes são as bases para o nosso trabalho”

reprodução

O Joca nasceu em 2011.

O Joca é inspirado em publicações dos Estados Unidos, Europa e Ásia. Nesses países há diversos exemplos de sucesso de jornais para crianças.  Na França existem quatro publicações que traduzem e tratam as notícias para crianças e adolescentes. O tablóide semanal Le Journal des Enfants tem uma tiragem de 70 mil exemplares para crianças de nove a 14 anos e serve de suporte pedagógico para 13 mil escolas. Em 1995, foi lançado o Mon Quotidien, primeiro diário infantil na Europa – destinado às crianças de nove a 14 anos. O sucesso foi tanto que, três anos depois, surgiu mais um diário para crianças: o Le Petit Quotidien, para leitores de seis a nove anos. A pauta nesses jornais é quase a mesma dos jornais adultos: atualidades nacionais e internacionais, centrados em cultura, esportes e ciências. A diferença está no estilo do texto: simples e direto, de fácil compreensão. “No mundo todo, os jovens aprendem a ser leitores críticos e cidadãos do mundo, exercendo o sentimento de pertencimento”, avalia Stephanie.

E por que existe essa lacuna no Brasil?

“Uma das explicações pode ser cultural”, opinou a diretora. “Aqui, assuntos como política e economia são tratados como ‘coisas de adulto’. Os jovens raramente são estimulados a discutir e  debater esses temas”. Outra explicação levantada por Stéphanie são os baixos índices de leitores no Brasil. De acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil, 30% dos brasileiros nunca compraram um livro. Diante desse cenário, iniciativas como o Joca são de extrema importância. O primeiro contato com a leitura deve ser feito de forma lúdica, didática. Assim, o jovem cria gosto pela leitura e, quando crescer, terá mais chances de se interessar por livros e jornais. Na opinião Stéphanie , “o Brasil sempre teve acesso a suplementos infantis, porém estes são muito superficiais e não trazem a notícia”.

O direito da criança de acesso às mídias e participação no debate público também está assegurado na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, aprovada pela Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em 1989, e assinada pelo Brasil, em 1990.

Conheça as seções do jornal

O jornal Joca é construído em nove editorias: Brasil, Mundo, Cotidiano, Comportamento, Tecnologia, Finanças, Social, Esporte e Repórter Mirim.

“Sempre escolhemos as pautas mais relevantes do momento. Além disso, tentamos variar os assuntos. É importante que o jornal não fique trágico ou triste demais. Os leitores devem ter consciência do que está acontecendo no Brasil e no mundo, mas também devem saber que, apesar dos problemas, há muitas pessoas que estão trabalhando para tornar o mundo um lugar melhor para se viver. Por isso, também investimos muito em notícias boas, inspiradoras”.

A missão do Joca é contribuir para a formação de Jovens críticos e cidadãos do mundo, exercendo o sentimento de pertencimento.

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