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No prêmio literário Jabuticaba, quem escolhe são as crianças

Quando pensamos em literatura infantil, é fácil cair no equívoco de abstrair o leitor, desconsiderando seus gostos, anseios e curiosidades. Prova disso é a quantidade de livros estritamente pedagógicos ou que subestimam a capacidade imaginativa da criança. Então, e se elas mesma pudessem avaliar os livros?

Pensando nisso, Fabiola Braga, idealizadora do site Sílaba Tônica, concebeu o primeiro prêmio literário em que o júri é composto por crianças. A ideia é mensurar a qualidade dos livros infantis e juvenis publicados no Brasil, estimulando a participação das crianças na produção literária que é criado para elas e desenvolvendo indiretamente noções de responsabilidade e influência nos pequenos.

Em fase de desenvolvimento e implantação, o projeto busca parceria com editores e profissionais do livro que tenham como objetivo a promoção da leitura e da literatura, além de Secretarias de Cultura, instituições culturais e educacionais e empresas sensíveis à causa. A proposta de Fabiola é implantar o projeto até março do ano que vem, durante o Salão do Livro de Paris, mas a previsão é que, já em novembro ou dezembro deste ano, as crianças já possam votar em seus favoritos.

A identidade visual do projeto, cujo nome é uma alusão direta ao prêmio Jabuti e uma brincadeira com as jabuticabas das criações de Monteiro Lobato, é uma criação do artista plástico Guto Lacaz.

Pensamento crítico desde a infância

Protagonismo infantil 

Num momento em que se discute a superprodução de livros no país e em que as editoras especializadas apostam no rigor do catálogo para se destacar em um mercado retraído, projetos que levantam a questão da importância da qualidade da literatura, sobretudo para a infância, ganham relevância extra. Uma premiação dessa natureza estimula também o cuidado dos pais na hora de aproximar os pequenos da leitura e do pensamento crítico sobre ela.

Além disso, o Jabuticaba funciona como um projeto de incentivo à leitura e valorização automática do livro no ambiente fora da escola, no sentido em que envolve não só a criança, mas também a família, na escolha das obras.

A escolha das obras será feita por crianças de diferentes regiões do país

Por isso, o Jabuticaba vai contar com uma equipe especializada de profissionais adultos na escolha das obras que entrarão no júri. Em entrevista ao blog Era Outra Vez, da Folha, Fabiola conta que está pensando em alternativas de garantir o efetivo protagonismo infantil. “Estamos estudando maneiras de garantir que o votante seja mesmo uma criança. Uma solução é fazer tudo via escolas, em que o colégio ficaria responsável por garantir que aquele voto veio realmente de um aluno. Outra vantagem desse modelo é aliar a votação a uma proposta pedagógica”, explica.

A ideia é que as editoras inscrevam seus livros no site do prêmio, e que estes fiquem disponíveis para votação. Qualquer criança poderá votar, após seus responsáveis ou professores preencherem o cadastro no concurso. A proposta do projeto é envolver crianças de diferentes classes sociais e regiões do país, democratizando ao máximo o alcance da premiação.

Para acompanhar a criação e implantação do prêmio, fique de olho no site do projeto. Profissionais do meio ou pessoas físicas que queiram participar ou contribuir de alguma forma, podem escrever para o e-mail premiojabuticaba@gmail.com.

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