Aproximar as crianças de mundo natural é um grande desafio para famílias e escolas das cidades grandes. Falta de tempo com os filhos, ou espaço reduzido são alguns dos fatores que dificultam essa convivência. Apesar disso, não é preciso acampar à beira do rio, ou visitar uma fazenda para estimular os pequenos a construírem uma relação mais próxima com a fauna e com a flora.
Na escola de Educação Infantil Tarsila do Amaral, na Zona Norte de São Paulo, com o projeto pedagógico “Hotel de Lagartas”, as crianças aprenderam sobre o ciclo de vida das lagartas e borboletas, como se encantaram pelas mesmas e a sua metamorfose.
No projeto, as crianças construíram um aquário para que as lagartas pudessem fazer seus casulos e se transformarem em borboletas. Algum tempo depois, puderam se despediram das lagartas e, em meio ao encantamento da transformação, conhecer as borboletas que nasceram dos casulos.
“A participação ativa da criança no contato com a natureza desenvolve a sensibilidade e o encantamento pelo meio ambiente”, Maria Veima de Almeida Donassan, diretora pedagógica da escola.
“A criança, desde pequena, constrói comportamentos de cuidado e preservação. Vai entendendo, na prática, os ciclos da vida e que as pessoas só vivem bem se o ambiente for bom para todos. Percebemos desde cedo que as crianças se interessam em saber mais sobre os processos da natureza e consumo sustentável”, disse Maria Veima de Almeida Donassan, diretora pedagógica da escola.
“É comum, dentro dos projetos da escola o cultivo de hortaliças e preparação de refeições com verduras que plantaram e colheram aqui. Essa espera para o tempo da natureza é importante. As crianças se aproximam mais de conceitos como o cultivo, o cuidado, as necessidades dos seres vivos, desenvolvem a paciência da espera pela colheita…”, completou a educadora.
A ideia para o projeto surgiu a partir da constatação das crianças de que muitas lagartas apareciam esmagadas no gramado do pátio da escola, onde há um grande Manacá. Por sua coloração, em meio ao gramado, elas passavam despercebidas dentre os pezinhos que correm de um lado para o outro.
Com a ajuda das professoras, então, as crianças construíram o “Hotel de lagartas”. Ao todo, 19 lagartas foram resgatadas do gramado pelos pequenos e colocadas dentro do “Hotel” em camas de folhas e galhos secos. Dois dias depois começaram a surgir os primeiros casulos. Aproximadamente quinze dias depois todas haviam cumprido sua metamorfose e se transformado em lindas borboletas.
A transformação das lagartas em borboleta também foi um gancho para as professoras trabalharem temas ligados ao seu ciclo de vida com as crianças. O grupo pesquisou sobre o que elas comem, a importância da preservação da natureza e quais as cores da lagarta utilizando-se das diferentes linguagens: artes plásticas, visuais, historias.
Dicas para fazer o seu Hotel de Lagartas
A professora Inês Rinaldi, quem efetivou o projeto, coletou as lagartas e cuidou delas durante todo o tempo no aquário escola, dá algumas dicas para quem deseja fazer um experimento como esse:
- Prepare um ambiente saudável, claro, arejado e com elementos da natureza, ex. vaso de planta.
- Antes das lagartas chegarem pensem que elas precisam se alimentar. Cada espécie se alimenta de um tipo de planta. É necessário realizar uma pesquisa do tipo de lagarta que deseja cuidar.
- Depois de alguns dias de comilança, surgem os primeiros casulos e nesta etapa se faz necessário a higienização, recolha restos de folhas e fezes, com cuidado para não desprender os casulos.
- É só esperar: Aproximadamente depois de duas semanas acontece o rompimento dos casulos.
- Após o rompimento do casulo é preciso esperar as borboletas esticarem e secarem suas asas para levantar voo.