A literatura infantil já eternizou em personagens muitos avóse contou histórias – reais ou imaginárias – sobre essa relação afetiva que costuma se dar entre avós e netos. Essas figuras habitam o nosso imaginário e ocupam um lugar todo especial na vida de muitas crianças, seja qual for o aspecto que marca a presença ou marcou a sua passagem.
Para celebrar essa relação, selecionamos mais de 20 livros que expressam a riqueza do encontro entre gerações e trazem textos sensíveis, repletos de humor e delicadeza.
Conheça 26 livros infantis que celebram o amor intergeracional entre avós e netos:
“Avô, conta outra vez”, José Jorge Letria e André Letria (Peirópolis) Que avô ou avó não deseja contar aos netos as histórias que permaneceram na memória da sua infância? Que neto não gosta de ouvir aquilo que os avós têm para lhes contar? Este livro celebra os momentos mágicos de partilha de memórias e de comunicação afetuosa entre os mais velhos e os mais novos, todos sem idade na hora de contar e ouvir contar. Para nos lembrar sempre do valor da palavra e da ternura que é capaz de unir gerações.
“A avó amarela”, Júlia Medeiros e Elisa Carreto (ÔZé) Explorando brincadeiras com as cores, este livro narra a história de uma avó em particular. Não é sobre a Avó Azul (embora ela também dormisse sem boca). Ele também não é sobre a sua avó (porque eu nem sei qual é a cor dela). Ele é sobre a minha Avó Amarela (de quem, às vezes, fico roxa de saudade).
“Infinitos”, Leo Cunha e Alexandre Rampazo (Melhoramentos) Esta é a história de Mari, uma menina que amava os olhos negros, os vestidos coloridos, as histórias de mistério que só a avó sabia contar. Um dia, descobre uma espécie de “oito deitado” ou uma “cobra enrolada” tatuada debaixo da cabeleira branca da avó. A partir daí, a menina passa a “colecionar infinitos”. Ela via o símbolo em todas as formas, em todos os lugares, e fotografava tudo. Ou guardava na mente. Para cada cena, há uma lembrança, um caso, uma história… de afeto, de saudade e de perda.
“Opa”, Adilson Farias (Prosa Nova) A partir da perspectiva da neta, a história se desenrola enquanto o avô conta as aventuras que viveu e explica como funciona cada uma de suas invenções, como a moto a vapor e o carro movido a vela. Opa é um inventor e aventureiro avô que está sempre com um exuberante chapéu cheio de lâmpadas. A neta sabe que é no chapéu que ele guarda suas ideias e histórias. De repente, enquanto escuta mais uma das histórias, a menina percebe que uma lâmpada se apaga e que seu Opa está se esquecendo das coisas. Aos poucos, mais lâmpadas vão se apagando, o que irá mudar a relação entre os dois e provocar novas e emocionantes aventuras – um mergulho no universo de convivência entre uma criança e seu avô durante o processo de evolução do mal de Alzheimer.
“As linhas do rosto da Nana”, Simona Ciraolo (FTD) O livro fala sobre a velhice e as histórias de vida com um tom otimista e divertido, associando cada linha no rosto da avó a uma lembrança guardada. Como as marcas contam nossas histórias, conforme essa avó conversa sobre a passagem do tempo com a neta, vai atribuindo um novo significado a cada uma delas.
“Vó, para de fotografar!”, Ilan Brenman e Guilherme Karsten (Melhoramentos) As mais variadas situações – a apresentação de balé, o passeio ao zoológico, o mergulho na praia – clicadas pela avó coruja são sempre intercaladas com a frase de protesto da netinha, que dá título ao livro. Inspirado na mãe que adora tirar fotos de todos momentos, o autor resgatou a memória que reclamamos quando elas não param de fotografar, mas adoramos ver o resultado depois. Ao se deparar com todos os cliques da fotógrafa compulsiva reunidos em um álbum, ela passa a ver a mania da avó com outros olhos. Com afeto e humor, esse livro-álbum fala sobre o encontro de gerações e a importância de criar e guardar memórias. Os pequenos leitores poderão preencher as molduras desenhadas no final com as fotos dos próprios familiares.
“Agora pode chover”, Celso Sisto e Anna Cunha (Melhoramentos) Em prosa poética, essa história de amor e afeto entre uma neta e seu avô, que transcende a vida, nos propõe uma reflexão: é possível conversar com alguém que a gente ama, mas que já foi embora para sempre? Que se mudou para as estrelas, definitivamente? Ao pegar uma libélula, Tatiana se lembra com saudade do avô Orlando, não com tristeza. Afinal, tinha ficado combinado entre eles: “Quando você sentir a minha falta, olhe para o céu. Com certeza eu estarei voando perto de você”. O autor nos conduz ao coração de Tatiana com extrema delicadeza e, com ela, descobrimos uma palavra mágica que derruba todas as fronteiras. Compreendemos que pode chover, mas dentro da neta, o avô sempre será sol.
“Vó coruja”, Daniel Munduruku, Heloisa Prieto e Daniel Kondo (Companhia das Letrinhas) Era dia de comemoração. Dona Irani promovia uma festa de aniversário na aldeia, com direito a bolo, vela e “parabéns”, costumes da cidade que seus netos tanto apreciavam. Mas, mesmo com todos os atrativos, a estrela da vez foi a avó coruja e as aventuras que narrou – as histórias da velha que mudou de pele, do roubo da noite, do fogo que se espalhou pela Terra, entre outros contos indígenas. Assim, Dona Irani entendeu que os segredos da tradição ainda tinham o poder de unir a todos, fossem da cidade, da aldeia ou de qualquer lugar.
“Meus mais velhos”, Padmini e Nina Elias (Leitura e Arte) De maneira despretensiosa, ao apresentar o vovô Carlos e a vovó Margarida da Julia, o livro vem honrar e respeitar as histórias e vidas de nossos afetos, principalmente aqueles que vieram antes, abrindo o caminho para cada um de nós existir. Um livro que celebra os aprendizados, as delicadezas e o amor que há na relação entre as crianças e seus avós.
“Minha valente avó”, Edu, Ana e Andreia Prestes e Marilia Pirillo (Quase Oito) Nesta homenagem à Maria Prestes, o olhar amoroso dos netos – os autores Edu, Andreia e Ana Prestes – mostra a descoberta pela neta da coragem da avó, que foi uma jovem militante pela liberdade e pelos ideais comunistas. Mesmo tendo enfrentado perigos e afrontado homens mandões, como ela dizia daqueles que serviam à ditadura militar no Brasil dos anos 60 e 70, dona Maria sempre se dedicou à família, às plantas e aos animais. No trajeto de volta da escola, a menina descobre o que essa avó viveu ao longo dos seus 90 anos, como a fuga do bisavô ou a necessária mudança de nome para proteger Luiz Carlos Prestes. Os momentos de leveza, em que as duas, olhando pássaros voarem livres e cantando juntas a Marchinha de Moscou, recuperam valores da tradição da família de Maria.
“Que saudade da minha vó”, Maíra Oliveira e Renato Cafuzo (Oríkì Editora) Não existe museu no mundo como a casa da nossa avó, ainda que essa casa seja o Orun e o Aiye inteiros. Porque a nossa avó é um mundo. “Na verdade, eu acho que ela é muito mais que um mundo, que uma galáxia, que um universo…”. Inspirado na obra de Mulambö, este livro busca encurtar distâncias entre quem somos (pais, mães, filhos, netos, consanguíneos ou de afeto) e nosso fazer artístico.
“Catarina e a orquestra do vovô Batutinha”, Ricardo Petracca e Maurizio Manzo (Orquestra Petrobrás Sinfônica) Catarina é uma criança muito esperta e curiosa. Gosta de brincar no quintal de sua casa com seu cãozinho Sansão. Ela também adora quando sua tia Juju vai visitá-la e tomam café juntas. Mas Catarina tem um carinho especial pelo vovô Batutinha. É com ele que Catarina vai desvendar o mundo da música! Além de introduzir conceitos sobre música e orquestra, extraídos do cotidiano de Catarina e Batutinha, o livro traz imagens em QR Code que acionam os sons dos instrumentos musicais.
Esse livro nos apresenta a pureza das lembranças da infância e da relação que se tem com uma avó, nos fazendo viajar pela memória e relembrar cheiros e sensações que nos enchem de felicidade. Além disso, traz uma receita simples de sopa de abóbora.
Mari nunca tem receio de dizer o que está pensando, o que deseja fazer nem o que está sentindo. Sua avó é como ela, e ambas compartilham muitos segredos. Quando a avó adoece e perde a capacidade de se mover e de se expressar, Mari é a única capaz de compreendê-la. É pelos olhos de Mari que o leitor acompanha suas inquietações e seus pensamentos.
Ele nasceu antes dos computadores, celulares e até da televisão. Quando menino, ajudava na fazenda e lia histórias de jardins secretos, mágicos e marias-fumaças. Depois, já crescido, foi obrigado a ser soldado, e durante a guerra conheceu a sua esposa, com quem teve filhos, netos e bisnetos. Hoje, o vovô verde, além de velhinho, é um jardineiro apaixonado. E, como anda um pouco esquecido, é nas plantas que guarda as suas histórias mais especiais… Um livro sobre envelhecimento, memória e laços afetivos que unem os familiares.
Para ser compartilhado entre avós e netos, esse livro foi escrito em homenagem a Madeleine, a avó da autora. Além de uma breve biografia da avó dela, a obra traz diferentes propostas de atividades para os pequenos leitores resgatarem a história de suas próprias avós.
Este livro fala de um menino e de sua avó. Fala de se esquecer e de se lembrar, de estar e de partir. Fala de pães e pipas, de sopa de flores e de convite para ir à Lua. Fala também da história de um amor. Um amor tão imenso que é capaz de fazer uma criança desaparecer dentro dele! Não acredita?
Múltiplos flashes reflexivos compõem a narrativa de Mari, uma adolescente de 13 anos, deixada com o pai — a quem pouco conhecia —, quando a mãe vai estudar na Itália. Durante os seis meses que fica na cidade do pai, surpreendentes encontros a levam a travar uma aventura sensível, intelectiva e também estética com o mundo da arte e da própria vida. A descoberta de um caderno da avó paterna torna-se núcleo de uma de suas mais interessantes vivências…
Um livro que trata de um assunto delicado: a morte vista sob um olhar que nos educa para a vida. Um garoto escuta as aventuras do avô – agora numa cama de hospital -, mas o que o neto nem imagina (e que só os desenhos mostram) é que em todas as situações de perigo havia um anjo zelando por ele. A cada página, a sutileza das ilustrações perpassadas por um humor fino, com a poesia que se infiltra nos assuntos mais espinhosos.
Um casal é apresentado de forma muito delicada e sensível, emprestando um novo olhar para os avós, para os velhos, para a terceira idade. O que importa como os chamamos? O que importa é como vemos os nossos mais velhos.
Tem avó que a gente conhece, tem avó que a gente não chega a conhecer. Tem avó de sangue, tem avó por adoção. De um jeito ou de outro, nossas avós estão sempre com a gente: é delas que vem nosso jeito especial ou aquele ditado que ninguém da família esquece. Neste livro, há uma divertida e poética homenagem a todos os tipos de avós!
Vovó prepara o café da manhã na casa na praia, como de costume. Ela gosta da rotina da manhã: levantar cedo, fazer o suco, escolher as frutas e a geleia, ver os ovos fritando e arrumar bem a mesa. Mas nunca está sozinha: seres inusitados, que vão de uma sereia a um mergulhador, de piratas a um leão-marinho de chapéu, a acompanham em cada uma dessas atividades, enchendo seu cotidiano de fantasia e graça.
Coitado do vovô. Ele plantava umas verduras e uns legumes enormes e já tinha recebido todos os prêmios da Feira do Verde. Mas então, como vingança, os concorrentes lhe deram a muda de um tomateiro-gigante, que deu um tomate descomunal, que atraiu uma lagarta inacreditavelmente grande… Bem, a polícia teve de entrar no caso, mas o “avô-problema” até que não se saiu mal.
“O guarda-chuva do vovô”, Carolina Moreyra e Odilon Moraes (DCL) O vovô era misterioso, um avô que “nunca saía do quarto”. Esse fato intrigava a neta, porque pairava um silêncio em torno do assunto. Assim são as nuances da relação entre esse avô, que está muito doente e morre, e sua neta. O elo que vai ligá-los sempre é a memória afetiva, especialmente nos dias chuvosos, quando a garota pode usar o guarda-chuva que o avô, deixou de herança para ela.
A vovó de Fini mudou; sua adorada independência ficou no passado: ela não consegue mais fazer as coisas sozinha. Por isso, se mudou para a casa da neta. Mas se adaptar à nova rotina não está sendo fácil para ninguém na família… Até que Agatha é contratada para ajudar. E todos entendem que mesmo um pouco diferente da antiga, a nova vovó também precisa de respeito. Solidariedade, paciência e dedicação são costurados com lirismo nesta comovente história sobre envelhecimento, família e amizade.
“Meu avô era uma cerejeira”, Angela Nanetti (WMF Martins Fontes) “Quando eu tinha quatro anos, tinha quatro avós, dois avós na cidade e dois avós no campo…”Assim, Toninho começa a contar suas lembranças de infância. A figura central dessa história é o avô extraordinário que mora no campo. Ele sobe nas árvores como ninguém, tem a companhia de uma gansa e adora a cerejeira Feliz. Um dia, a prefeitura decide derrubar a cerejeira para construir uma estrada. Toninho e o avô fazem de tudo para protegê-la. Mas o velhinho já está muito cansado… Será que Toninho vai conseguir salvar Feliz?
* As descrições sobre cada livro foram elaboradas a partir de material disponibilizado pelas próprias editoras. A Taba contribuiu com a seleção de alguns livros desta lista.
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