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7 livros infantis para adultos refletirem sobre identidade

Ilustração em que o personagem do livro "Ernesto" se olha no espelho

Pensando em estreitar a relação das histórias com o crescimento das crianças, Paola Rodrigues indica livros infantis que podem inspirar pais e educadores a refletirem sobre identidade e sociabilização junto dos pequenos.

“Com animais, personagens coloridos, traços delicados e conceitos complexos, esses livros para os pequenos ensinam grandes lições para adultos que esqueceram sobre a virtude de se questionar, crescer e refletir”

“Sempre que termino um desses livros, fico ali, sentada, com a real sensação de que posso mudar, ser alguém melhor, sair por aí e discutir sobre coisas que pensava antes e já não penso mais”, relata Paola.

Ela ainda recomenda que você sente em alguma livraria ou reserve uma hora do seu dia, talvez antes de dormir, para a leitura das sugestões a seguir. Do encontro com esses livros de muitas perguntas, ela aposta que você sairá sedenta por respostas do porquê se deixou acomodar por tanto tempo.

“Elefante”, de Bartolomeu Campos de Queirós (Global)

Crescemos entendendo nossa relação com as pessoas e o mundo de uma forma muito rígida, pautada em ideias de outras gerações, mundos antigos cheios de preconceito, abusos e pesar. Nessa grande viagem, o narrador sonha com um elefante, e é o animal, tão peculiar, que nos leva a refletir de um jeito muito simples sobre amor, liberdade, ciúmes, pertencimento e, claro, sonhos.

“O que é a liberdade?”, de Renata Bueno (Companhia das Letrinhas)

Onde ela mora, como vive, será que a liberdade pode ser enjaulada? Quando crescemos, a liberdade ganha novos tons: casa, carro, boletos pagos, tranquilidade de bons amigos. Parâmetros para definir algo tão amplo. Centralizamos essa questão em volta de nosso umbigo humano, sem analisar ao redor o que pode ser liberdade para cada um. Nesse livro colorido, cheio de poesia e questões simples, entramos em páginas que nada definem, mas tudo questionam.

“O sonho de Lu Shzu”, de Ricardo Gómez (Mov Palavras)

Você cresceu tendo como prioridade comer? Ter água? Uma casa? Aí começa a grande lista de privilégios. Necessidades tão básicas que nem pensamos muito sobre quando não nos fazem falta. “O sonho de Lu Shzu” conta a história de uma menina dagonmei [trabalhadora] que todos os dias acorda antes do sol nascer e caminha até a fábrica onde seus dedos pequenos colam olhos em bonecas que jamais poderá ter. De forma sensível e tocante, somos levados a um mundo em que o trabalho infantil está ali diante dos nossos olhos e precisamos pensar sobre isso.

“A menina que perdeu as cores”, de Marcelo Moutinho e Anabella Lopez (Pallas)

Cor é uma percepção visual e, como tal, depende de vários fatores: a forma como seu nervo óptico processa impressões e envia para o sistema nervoso, o comprimento da onda, e por aí vai. Sabemos que uma luz branca pode ser todas as cores, mas os olhos não conseguem captar tudo. Nesse livro, acompanhamos a história de uma menina que perde todas as cores. Num mundo preto e branco, ela vai viajar por questões em busca do seu arco-íris pessoal. Afinal, será que tudo não passa de uma questão de percepção?

“A grande questão”, de Wolf Erlbruch (Cosac & Naify)

Nós, adultos, já não fazemos perguntas como “Qual nosso sentido no mundo?”, “Por que vivemos?”, pois estamos atolados em rotina e em toda a informação que consumimos diariamente. Nesta obra, você é o entrevistador das pessoas que convivem com o personagem. Não tem perguntas, só respostas que contam histórias que nos fazem rir e refletir sobre condições tão básicas quanto “Por que estou aqui agora?”. As colagens intensificam a sensação de que somos o punhado de histórias das pessoas ao nosso redor.

“Os invisíveis”, de Tino Freitas e Renato Moriconi (Casa da Palavra)

Você repara em quem está ali na esquina? Na saída do metrô? Nós nos endurecemos ao longo da vida como estratégia para conseguir seguir adiante, mas como seguir diante da invisibilidade dos mais vulneráveis? O livro conta a história de um menino que enxergou quem já nem notamos mais. Uma obra incrível sobre invisibilidade social.

“Ernesto”, de Blandina Franco (Companhia das Letrinhas)

Tem aquele momento em que você mal conheceu alguém e já solta “não gosto dessa pessoa”. Ou: não gosto desse livro, desse filme, disso e daquilo, tudo sem conhecer. Aqui conhecemos Ernesto, um menino que todos desgostam por ser diferente, porque a primeira impressão não foi muito favorável. O caso é: se você conhecer bem Ernesto, vai continuar detestando-o? Você está disposto a conhecê-lo?

* As descrições sobre cada livro foram elaboradas pela escritora, roteirista e mãe Paola Rodrigues. Ela escreve nos blogs Cartas para HelenaNão pule da janela, onde discute temas relacionados à maternidade e à sociedade como um todo.

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