Ainda há pouca representatividade no mundo, isso é inegável. Na mídia, nos espaços de poder e decisão do país, há poucas pessoas negras, o que não reflete a realidade do Brasil, formado majoritariamente por negros.
Em relação às meninas, essa falta de representatividade pode ser ainda mais nociva, já que elas são suscetíveis a sofrer as pressões de uma sociedade que impõe padrões de beleza e conduta a mulher.
Pensando em lutar na contramão desse processo, nossa colunista Luciana Bento criou o blog 100 meninas negras, que utiliza a literatura para cavar exemplos de heroínas negras que inspirem as crianças a terem orgulho de serem como são, e assim possam crescer mais seguras e aptas a transformar a realidade.
Abaixo, 5 dicas de livros infantis com meninas negras protagonistas. As resenhas são assinadas pela própria Luciana.
O livro conta a história da princesa Cíntia, prometida para Febo, príncipe do reino vizinho. Um pouco antes da cerimônia, a princesa foi encomendar seu vestido quando, conheceu a costureira Isthar, por quem se apaixonou. Seu pai, furioso por que a princesa queria se casar com Ishtar, a tranca em uma torre. No final, a princesa e a costureira recebem ajuda da irmã da princesa, do próprio príncipe, da Fada Madrinha e de uma Agulha Mágica. O livro discute de forma divertida a diversidade humana e a luta mais ampla pelos direitos das pessoas LGBT.
Griot é o contador de histórias africano que passa a tradição dos antepassados de geração em geração. O objetivo dessa coleção é trabalhar a identidade afrodescendente na imaginação infantil. É uma composição sensível, de textos curtos e poéticos, associados a belas ilustrações. Modo lúdico de reforçar a autoestima da criança a partir da valorização de seus antepassados, de sua cultura e de sua cor.
Tayó é uma menina negra que tem orgulho do cabelo crespo com penteado black power, enfeitando-o das mais diversas formas. A autora apresenta uma personagem cheia de autoestima, capaz de enfrentar as agressões dos colegas de classe, que dizem que seu cabelo é ‘ruim’. Mas como pode ser ruim um cabelo ‘fofo, lindo e cheiroso’? ‘Vocês estão com dor de cotovelo porque não podem carregar o mundo nos cabelos’, responde a garota para os colegas. Com essa narrativa, a autora transforma o enorme cabelo crespo de Tayó numa metáfora para a riqueza cultural de um povo e para a riqueza da imaginação de uma menina sadia.
A história do amor entre Gotinha e Ventania é contata de maneira suave e encantadora por Mel Adún, iniciando a série Contos de Mel.
A personagem Mirandinha, uma menina negra do cabelo encaracolado, que é inclusive uma homenagem de Gió para sua esposa Noélia Miranda, enfrenta vários obstáculos para alcançar a estrela que tanto deseja. Para acompanhar a leitura, Gió produziu um CD que vem junto do livro, com seis músicas em ritmos variados como xote, choro, frevo, congo, rock n’ roll, entre outros.
Para conhecer mais histórias, acesse 100 meninas negras.