A feiticeira Isilda saiu ainda criança de seu vilarejo natal para morar em Leporim, uma terra habitada por unicórnios, duendes, elfos, dragões e outros animais fantásticos.
Ela sempre gostou de cozinhar e inventar receitas, mas gosta ainda mais dos bichos. Por isso, suas receitas não levam nenhum ingrediente de origem animal. Para Isilda, o amor é o único elemento que não pode faltar para fazer qualquer comida crescer e ter sabor.
No livro “Leporim“, escrito por Eliana Trujillo e ilustrado por Joice Trujillo, e recém-lançado pela editora Alaúde, a feiticeira divide suas receitas imaginadas, e divide com os pequenos leitores como cada uma foi inspirada em suas aventuras. Um livro de receitas diferente, que acompanha a trajetória de uma heroína empoderada, para inspirar meninas e meninas em idade de leitura compartilhada.
Pelo caminho, o leitor vai passando por lugares fantásticos, como A Árvore dos Sonhos Profundos, os Abacates de Trevo da Sorte, o Lago Cintilante das Sereias, ou o Vale do Algodão-Doce, povoado por unicórnios mágicos. As comidas são o tempero especial da travessia, e instigam a curiosidade com seus nomes inventados superdivertidos, como as Gotas Suspirantes, os Flocos de Liberdade, A Lama Docinha da Sorte, e o Feitiço Barulhento com Calda Selvagem, entre muitas outras.
As receitas aparecem completas no livro, para que os pais possam ajudar as crianças a experimentá-las em casa. São pratos saudáveis e saborosos, que recebem nomes “mágicos” como Crocante de Caspa de Dragão (cookies de aveia), Pudim de Nuvem com ameixas-besouro (manjar de coco com calda de ameixa) e Bolinho Raio de Sol (cupcake de laranja).
Para conhecer mais de perto a proposta do livro e ampliar o olhar sobre a importância de apresentar uma protagonista que destoa dos padrões da maior parte das princesas apresentadas nas histórias infantis.
“A personagem escapa aos estereótipos justamente por não ser uma princesa. A combinação de sua aparência comum com sua personalidade marcante mostra que não é preciso ser igual ao que é imposto pela a mídia em geral e a aproxima dos leitores, inspirando-os a serem amorosos e fazerem o bem ao próximo”.
Mas afinal, por que um livro para crianças sobre veganismo? A escritora explica que a ideia do livro surgiu a partir de sua experiência pessoal, de sempre questionar as referências de comida que os pais lhe ofereciam. Ao mesmo tempo, é uma proposta de diálogo sobre a importância de construir uma relação de afeto com aquilo que consumimos.
“Logo no início, percebi que muitas crianças como minha sobrinha não tinham incentivo para manterem o respeito pelos animais e pela natureza, e outras ainda não questionavam o assunto. Desde cedo, aprendemos a amar os animais, no entanto, os exemplos que temos ao longo da vida nos distanciam desta consciência. Com isso, acredito que um livro que misture literatura infantil com culinária, possa aproximar os pais dos filhos e passar a mensagem para ambos”, defende.
Assim, não se trata de impor o veganismo, mas sim de ampliar o interesse das crianças sobre aquilo que comem, a partir de uma personagem que inspira identificação e curiosidade.
“Ela também é aventureira, tem atitude, e usa seus poderes para fazer um mundo mais vegano. Estes poderes são uma analogia de que toda criança pode descobrir e desenvolver o poder que tem dentro de si, não necessariamente um poder mágico, mas que contribua com o planeta”, explica Eliana.
Além da escritora e da ilustradora, “Leporim” foi feito também com a contribuição de Mariana Scarpelli, nutricionista especializada em veganismo, que ofereceu uma consultoria sobre as receitas e escolhas do livro.
“Cresci admirando o faiscar que feiticeiros e feiticeiras produziam com suas varinhas ao cozinhar. Era impossível não se deixar hipnotizar por tantas luzes e brilhos sobre um caldeirão fervente. Ainda bem nova, aprendi a importância da nossa conexão com toda a riqueza que a natureza nos oferece e, também, compreendi que todos os seres, de qualquer pedaço do universo merecem respeito e liberdade”, conta Eliana, na introdução da história.