O que uma criança deve desenvolver ao longo de sua vida escolar para que possa conviver em um mundo cada vez mais globalizado, diverso e desafiador? De acordo com a visão disseminada pelo programa Escolas Transformadoras, correalizado pelo Instituto Alana e a Ashoka, a empatia, ao lado da criatividade, da capacidade de trabalhar em equipe e do protagonismo social, são as principais competências necessárias à transformação de realidades.
Mas, o que é empatia e por que ela é tão importante? Basicamente, empatia é a capacidade de ouvir e acolher as ideias dos outros, de sair do “eu” para adentrar uma visão mais profunda de mundo, a partir do reconhecimento de novos (e diferentes) olhares, e ativamente conectar-se com os sentimentos e as perspectivas dos outros.
Pensando nisso, o projeto lançou a publicação “A importância da empatia na educação”, dedicada a avaliar como ela impacta na relação dos pequenos consigo mesmos e com o mundo. A cartilha considera essa habilidade socioemocional como um elemento fundamental para a realização plena da experiência pedagógica. O material está disponível online e para download gratuito.
A empatia como conteúdo pedagógico
Na Dinamarca, por exemplo, país referência em educação infantil, e também considerado um dos lugares onde as pessoas são mais felizes pelo “World Hapiness Report 2016” (“Relatório da felicidade no mundo 2016”, em tradução livre), a empatia é tema central discutido com os alunos ao longo dos anos na escola.
No sistema dinamarquês de ensino, “aprender” empatia é algo tão importante quanto aprender matemática ou literatura.
Por lá, os currículos das escolas são construídos de tal forma a incorporá-la como uma disciplina fixa e estruturada. Porém, apesar da relevância do tema, levar a empatia para as escolas brasileiras ainda é um desafio.
Em maio desse ano, à convite do Escolas Transformadoras, um grupo de pensadores se reuniu educadores, empreendedores sociais, especialistas, jornalistas e acadêmicos de diferentes áreas para trocar experiências e reflexões sobre a empatia nas escolas.
A partir da roda de conversa, os debatedores foram convidados a escrever um artigo sobre o tema, que o programa transformou em uma publicação disponibilizada online.
A ideia é que a publicação contribua para que educadores, artistas, pais, coordenadores de centros culturais, diretores de escolas e demais profissionais comprometidos com a formação de crianças e jovens participem do debate sobre a importância de promover a empatia como um valor e uma competência primordial.
O primeiro artigo, “Empatia: algumas reflexões”, da psicoterapeuta Ana Olmos, discute o sentido do vínculo no processo educativo e destaca a importância da família e da escola para a formação de crianças e jovens empáticos. A especialista também faz uma reflexão sobre o papel do educador na resolução de conflitos.
Com o texto “Empatia na discórdia”, de Maria Amélia M. Cupertino, coordenadora do Colégio Viver, localizada em Cotia (SP), defende que o ambiente escolar deve possibilitar a convivência com a diversidade. Para ela, a resolução de um conflito não deve se centrar na punição, mas recorrer ao diálogo, à escuta.
No terceiro artigo, “Educação e empatia: caminhos para a transformação social”, Natacha Costa, diretora executiva da associação Cidade Escola Aprendiz, aborda a empatia como uma competência fundamental na busca por uma educação comprometida com a transformação do mundo.
Sonia Dias Ribeiro, coordenadora pedagógica da Escola Comunitária Luiza Mahin, de Salvador (BA), aborda a importância da corporeidade para o desenvolvimento da empatia.