Não existe fórmula mágica ou solução milagrosa quando o assunto é criar uma criança. O gosto pela leitura, a formação ética, as competências sociais, a capacidade de lidar com emoções, a cognição, o desenvolvimento físico, o hábito alimentar e todos os elementos que compõem aquele pequeno ser – e futuramente o adulto – serão construídos, nutridos e moldados a partir das experiências que a criança viverá ao longo de sua primeira infância.
Especificamente sobre alimentação saudável – tema sensível para muitas famílias -, é importante lembrar que o processo de construção do hábito alimentar vai perdurar todos os dias da vida da criança, e que quanto mais a família estiver envolvida de forma afetiva e acolhedora no processo, participando ativamente do mesmo, mais tranquilo ele será.
O estudo da criação com apego, desenvolvido por pesquisadores de psicologia e desenvolvimento infantil há mais de 60 anos, parte do princípio de que o vínculo criado com a criança por meio do carinho é fundamental para seu desenvolvimento e coloca a questão da construção do hábito alimentar da criança mais saudável como um de seus 8 princípios.
O exemplo também é muito importante. Uma pesquisa publicada no periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences” indica que bebês aprendem a comer vendo o que os adultos ao seu redor estão comendo, pela observação.
Em entrevista ao Lunetas, a consultora em alimentação infantil, Mayra Abbondanza, destacou a importância, no caso de famílias com crianças um pouco maiores, de envolvê-las na rotina alimentar da casa.
“Acho legal a criança sentar com a mãe e com o pai e participar da decisão da compra, do menu, e também de ajudar a pôr a mesa e tirar a mesa. Acho bacana quando a criança é convidada a montar o prato, dessa forma, ela está participando”, disse.
Empoderar as crianças para que elas se tornem protagonistas de sua alimentação, como recomenda Mayra, também é o mote de uma campanha pelo combate à obesidade infantil da Amil, que, por meio de um vídeo, convida as crianças a se transformarem em super-heróis, e combaterem o vilão da obesidade. Elas usam seus superpoderes para transformar batatas fritas e outras comidas gordurosas em alimentos naturais e saudáveis.
Outra dica para transformar a relação das famílias e das crianças com a comida, e envolver os pequenos no processo, é cozinhar junto, e não só incluir as crianças na escolha e compra, mas também na manipulação e preparo de alimento.
O portal da organização Attachment Parenting International fornece algumas dicas para a formação do hábito alimentar saudável a partir da perspectiva da “criação com apego”.
Confira a seguir:
● Tente fazer com que pelo menos uma refeição ao dia seja um momento de conexão e comunhão;
● Crianças precisam fazer pequenas refeições durante o dia, e não se deve esperar que elas se sentem à mesa por longos períodos de tempo;
● Encoraje seu filho a seguir suas indicações corporais para fome e sede, para comer quando ele estiver com fome e parar quando estiver satisfeito;
● Forçar uma criança a comer, ou a comer certo alimento, é contraproducente e pode levar a hábitos alimentares não-saudáveis.
● Evite o uso recorrente da comida como recompensa ou punição, ou fazer determinada comida (ou sobremesa) baseado no comportamento da criança. A alimentação tem significado afetivo;
● Ao invés de restringir o acesso a certos alimentos, considere ter apenas opções saudáveis na sua casa, e permitir que seu filho faça suas escolhas.
*Este conteúdo foi produzido em setembro de 2016, pelo extinto Catraquinha, em parceria com a Amil. Em maio de 2018, o Catraquinha migrou para o Lunetas.