Como o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, não se refere apenas à população negra e a pessoas adultas, quero te convidar a pensar a questão racial a partir das infâncias. São cinco dicas para a promoção da consciência negra e do antirracismo, principalmente direcionadas à educação de crianças brancas:
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1 – A branquitude não se estabelece apenas na vida adulta; ela começa na infância
A branquitude é a construção da crença da superioridade da pessoa branca. Essa construção, que vem desde quando as crianças começam a socializar, submete as crianças brancas a uma educação em que elas se percebem superiores às crianças negras. Não adianta somente ensinar a criança branca que a criança negra não é menos importante que ela; precisa ensinar a criança branca que ela não é mais importante que a criança negra também.
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2 – A criança branca é educada para se considerar mais bonita que a criança negra
O racismo também pressupõe um padrão de beleza e esse padrão é branco. Muitas famílias têm se esforçado em adquirir livros e bonecas que representam crianças negras, e isso é muito importante. No entanto, é preciso falar claramente com as crianças sobre todas as belezas e que a sua não é um modelo superior. Geralmente, nas interações com esses brinquedos, as famílias continuam comparando as representações negras com sua criança branca, como se o negro fosse sempre “o outro”, o que “não é branco”. Quando reforçamos essa “diferença” a partir da comparação, estamos reafirmando uma norma ou a expectativa branca-racista de que “deveria ser branco”. O foco é assumir a diversidade.
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3 – Converse sobre os episódios de racismo
Nunca acredite que já conversou o bastante sobre racismo. A criança está inserida numa sociedade em que os mínimos detalhes de suas mensagens naturalizam essa violência. Sendo assim, diante de episódios racistas, converse com a criança e procure explorar sua percepção, conectando-a com os sentimentos provocados na pessoa negra: Como ela deve ter se sentido? O que você diria em apoio? Mas também provoque seu olhar crítico para a pessoa branca que cometeu o racismo: Você sabe por que isso foi errado? Você já viu alguém fazer isso? Você diria algo para essa pessoa? Você já fez isso? A consciência sobre a violência racista não brota do chão: é fruto de reflexão e análise. Conversas são essenciais para desafiar a visão hegemônica.
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4 – Ensine a criança branca a se posicionar contra o racismo
Sabia que pessoas brancas têm responsabilidade na luta contra o racismo? Pois é. E isso precisa ser cultivado desde a infância, mostrando que o racismo é errado, que a criança precisa se posicionar. Então, ofereça suporte emocional e informe dados que possibilitem à criança discordar de colegas, e a incentive a procurar um adulto responsável para comunicar episódios de bullying racista, possibilitando que ela se reconheça – e seja reconhecida por crianças brancas e negras – como alguém que não vai reproduzir piadas, brincadeiras e falas racistas. Quanto mais cedo começarmos a cultivar essa habilidade, mais naturalmente esse comportamento será desenvolvido.
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5 – Ensine a criança que a história negra é a história da humanidade
Uma característica da branquitude é acreditar que existe uma história universal – que é a história branca – e outras histórias. Mas a história negra é a história da humanidade, a África é o berço da humanidade. Muitas escolas têm se dedicado a ensinar a história negra para que a criança branca possa aprender a história do outro e tenha a tal da consciência negra. Respeitar não é um favor ao outro, é um dever e um direito de todas as pessoas.
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