Apesar da cultura cesarista que rege o Brasil, cada vez mais mulheres têm procurado Casas de Parto para terem seus bebês. Criados como estratégia governamental de humanizar a assistência ao parto no país, os Centros de Parto Normal (nome oficial) são ambientes que unem o aconchego do lar aos recursos necessários para o atendimento de partos normais de baixo risco.
As equipes das Casas de Parto são capacitadas para lidar com situações de emergência, e nos locais há sempre uma ambulância pronta para caso de complicações e necessidade de transferência para um hospital.
Nas Casas de Parto o ato de dar à luz é tratado como um processo natural que faz parte da vida da mulher e para o qual o seu corpo está preparado. O tratamento oferecido é centrado nas necessidades e na segurança da parturiente e do bebê, com acolhimento e respeito. Nestes locais são incentivadas a integração familiar em torno do nascimento, a amamentação e o vínculo de afeto entre mãe, pai e bebê.
A cidade de São Paulo possui duas Casas de Parto: a Casa Angela, na zona sul, e a Casa de Parto de Sapopemba, na zona leste. Segundo a Prefeitura da capital paulista, em 2016, mais de 400 partos foram realizados nas duas Casas de Parto – número consideravelmente maior do que o de 2012, quando o mesmo levantamento registrou 159 nascimentos.
A Prefeitura firmou acordo, em 2015, com a Casa Angela para que mais partos normais fossem oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no local. No ano passado, a parceria foi ampliada e o limite de partos mensais realizados na casa passou de 30 para 40. Já na Casa de Parto de Sapopemba, que é totalmente gerida pela Prefeitura, o limite de partos é de 30 por mês.
Veja abaixo informações sobre as duas Casas de Parto em funcionamento na cidade de São Paulo, listadas pelo Nós, mulheres da periferia.
- Casa Angela
O primeiro passo para a mulher que pretende ter o parto normal na Casa Angela é participar do grupo de acolhimento que ocorre todas as quartas-feiras, às 9h. O atendimento pré-natal é realizado de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. A primeira consulta varia de 1 hora a 1h30 de duração. As seguintes duram de 40 minutos até 1 hora. O atendimento ao parto funciona 24 horas.
A Casa Angela funciona com um modelo autossustentável, onde as gestantes de todas as classes sociais têm oportunidade de terem um parto humanizado. O local oferece atendimento gratuito para as mães que vivem na área de abrangência da Casa – graças a Associação Comunitária Monte Azul, que mantém a Casa Angela com doações – e atendimento particular para mulheres de outras regiões, com opções de pacotes e negociações acessíveis.
Para ter o parto é preciso ter ingressado no pré-natal até 35 semanas de gestação, ter no mínimo 6 consultas de pré-natal, participar do curso de gestantes e acompanhantes, ter exames completos normais, não ter problemas durante a gestação e ser considerada como baixo risco. Qualquer gestante nessas condições pode ser atendida na Casa Angela, incluindo as que não residem na capital, mas em municípios da Grande São Paulo, como Taboão da Serra e Itapecerica da Serra. As gestantes devem levar RG, CPF, comprovante de residência e cartão do SUS (gestantes da área de abrangência). Os exames de pré-natal podem ser realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), laboratórios de convênios e particulares, conforme as possibilidades da gestante.
Anote o endereço: R. Mahamed Aguil, 34 – Jd. Mirante. Tel.: (11) 5852-5332. Em caso de necessidade de transferência, os hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) para a transferência em ambulância são o Hospital Municipal do Campo Limpo, localizado a 3 Km, e o Hospital Municipal do M’Boi Mirim, a 5 km, em um trajeto que pode ser percorrido no máximo em 60 minutos.
- Casa do Parto de Sapopemba
A Casa é gerenciada em conjunto pela Supervisão Técnica de Saúde de Vila Prudente e Sapopemba e pela SPDM (Associação Paulista pelo Desenvolvimento da Medicina), em parceria com a Prefeitura de São Paulo. É um Centro de Parto Normal que atende desde 1998 as mulheres com gestação de baixo risco, independentemente do local de residência e do tipo de pré-natal: Sistema Único de Saúde (SUS), convênio ou particular. O atendimento é realizado por enfermeiras obstétricas, obstetrizes e auxiliares de enfermagem.
O acompanhamento para o parto começa a partir das 37 semanas de gestação, com as consultas semanais até a 40ª semana. Na 37ª é aberto o Plano de Parto, que contém a história obstétrica, clínica e de amamentação da mulher. As condições de saúde da mãe e do bebê são avaliadas, cada caso individualmente, enquanto a gestante faz o pré-natal oficial em uma rede de saúde pública ou privada, junto com o atendimento na Casa do Parto.
Da 40ª à 41ª semana, as consultas são a cada dois ou três dias. Quando mãe e o bebê chegam à 41ª semana, ambos em boas condições, é realizado um encaminhamento para uma avaliação com um médico obstetra em um hospital. Este encaminhamento também pode ser dado em qualquer consulta, se for detectado qualquer problema com a mãe ou o bebê.
As consultas servem para a gestante e acompanhante criarem familiaridade com o ambiente e a equipe, receber informações sobre o parto, pós-parto, amamentação ou esclarecer suas dúvidas. A gestante pode voltar entre as consultas ou ter dúvidas respondidas por telefone.
O trabalho de parto é encorajado pela equipe e são estimuladas práticas para alívio da dor sem medicamentos. A mulher pode usar métodos que ela julgue úteis, se alimentar livremente, escolher a melhor posição para o parto e também pode decidir se registra o parto em fotos e/ou vídeo. É evitado o uso de episiotomia, (corte na área entre a vagina e o ânus que amplia o canal de parto), feito apenas se necessário.
Anote o endereço: Rua São José das Espinharas, 400 – Vila IVG . Telefone: (11) 2702-5899 e (11) 2702-6043. Em caso de necessidade de transferência, o hospital de retaguarda é o Hospital Estadual de Vila Alpina, a oito minutos da Casa de Parto.