Nos dias de hoje, temos tantas opções de brinquedos e programação de brincadeiras para estimular isso ou aquilo, se comparado aos nossos tempos de criança, que as famílias se veem cada vez mais confusas sobre o que realmente importa proporcionar aos seus filhos em termos de experiências.
Brinquedos de todas as cores e tipos, aulas que estimulam mil e uma competências… As opções são infinitas e a sensação, muitas vezes, de quem não oferece tantas atividades assim, é que só seu filho está ficando para trás ou não está se desenvolvendo tanto quanto deveria. O que mais posso fazer para estimulá-lo? Frequentemente ouvimos essa pergunta em nosso espaço de convivência.
Para responder essa pergunta precisamos, antes de mais nada, refletir sobre a concepção de bebê e criança que está por trás do desejo de estimular os pequenos o tempo todo.
Ora, se você parte do princípio que seu filho ou filha já é alguém, que ele já tem inúmeras competências desde que nasce, você pode mudar a pergunta para:
Como posso oferecer condições para que a criança se desenvolva de forma plena e segura?
O bebê e a criança pequena têm uma enorme necessidade de explorar o mundo. Eles experimentam, descobrem, procuram, pesquisam. E, assim, aprendem! Só assim aprendem, melhor dizendo.
Mas, para isso aconteça de modo saudável e pleno, o bebê e a criança pequena precisam estar seguros de si, do ambiente que os cercam, das pessoas que eles confiam etc. Ou seja, nós, adultos, precisamos dar condições para que tudo isso aconteça sem a nossa interferência direta. Por isso o livre brincar!
Em outras palavras, não precisamos estimulá-los além do que eles se interessarão em conhecer através de seus próprios meios.
É preciso esperar para observá-los. Silenciar para escutá-los.
Experiência de liberdade, experiência de movimento! É isso que devemos oferecer às nossas crianças. Imaginem o benefício, não só do ponto de vista físico-motor, mas, especialmente, do ponto de vista afetivo-emocional, que realizar coisas por si mesmo pode trazer às crianças pequenas? Confiar em si. Sentir-se capaz. Sentir-se competente. Experimentar esse sentimento e buscar novos desafios, porque “eu sou capaz”, “eu consigo”.
Brincar livre é isso. É quando o adulto oferece essa possibilidade, sem interferir o tempo todo no que deve ser feito, mas está lá próximo da criança: monitorando, organizando e reorganizando o ambiente. Acompanhando com seu olhar de encorajamento e admirando as mil e uma descobertas que eles são capazes de fazer.
Devolvendo o sentido da palavra “livre” para o que, de fato, ela significa! Não é sozinho, nem é solto. Não é perda de tempo, nem é pouco planejado. Não é mais fácil para o adulto, também não é deixar fazer o que quer. Não é sem limite, tampouco é independência total. Não é nada disso.
O brincar livre está associado à construção de confiança, de potência criativa e autonomia.
De permitir que a criança nos mostre os caminhos. Que as crianças eduquem nosso olhar para o novo, para o belo, para os detalhes que, tantas vezes, não conseguimos mais perceber.
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