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Como falar de política com crianças? 7 dicas de Pedro Markun

Um pai segura o filho no colo com um gramado ao fundo

A câmara de deputados votou ontem, dia 17 de maio, pela continuidade do pedido de impeachment da presidente do país. Nesse momento de muitas dúvidas e divergências de opinião, persiste uma questão: como explicar tudo isso às crianças sem fomentar a intolerância e o discurso de ódio? Como empoderar, educar e ensinar às crianças sobre a importância de ter uma opinião própria, embasada e consciente, mas também de ouvir e respeitar pontos de vistas distintos?

No último dia 1 de abril, recebemos Pedro Markun, pai de duas meninas, com dois e quatro anos, e autor do livro infantil “Quem manda aqui“, sobre política para crianças.

“Precisamos resgatar nas crianças uma outra leitura de política para contrapor àquilo que hoje permeia nosso imaginário sobre o tema, de que política é algo é errado, feio”

Para oxigenar um pouco essa questão, e apoiar as famílias nessa missão, preparamos um apanhadão dos melhores momentos do bate-papo:

Pedro Markun: Eu não sou um estudioso acadêmico desse tema, sou um empirista com duas filhas, e estou sempre testando e errando. Também tem algumas dicas do processo do livro.

“Discutir política também é falar de relações em casa, de formas de mando de poder na escola”

Primeiro: simplifique as explicações, mas não imbecilize. Segundo: use menos adjetivos, a regra do jornalismo vale bem nisso. Quanto menos adjetivos a explicação tiver, mais concreto fica para criança. Ao mesmo tempo, é preciso explicar conceitos abstratos como “democracia” e “liberdade”. Fale de valores, fale de corrupção, mas sem matar a capacidade crítica da criança. Por fim: vale entender que discutir sobre política não é só falar de impeachment, de  de vereador e de Prefeitura.

Política é também falar de relações em casa, de mando de poder na escola. Sabe o dono da bola? Esses embates políticos acontecem o tempo todo na vida da criança. Vamos jogar luz nisso, e não brigar ou xingar

Pedro Markun: Essa é uma questão complicada e perigosa. Eu acho que óbvio que os adultos precisam parar de fazer discurso de ódio, e fazer um exercício de autocrítica. O problema, muitas vezes, não está quando você fala com seu filho, mas quando você não está falando com seu filho e acha que ele não está prestando atenção. De repente, no jantar, você está comentando a situação do país e empregando discurso de ódio.

“Você é a referência, é óbvio que ele vai repetir o que você disser”

Ninguém vai me convencer de que existe ódio real em uma criança de cinco anos por um político que mora em Brasília, alguém que ela nunca viu na vida. E não quer dizer que você não possa discutir e explicar seus posicionamentos. É possível discordar, e esse é o exercício democrático, sem xingar ou agredir.

Pedro Markun: Minhas filhas nunca me fizeram essa pergunta, e eu vou esperar elas fazerem. Mas a definição que eu uso quando  falo com crianças sobre o tema é:

“Política é a varinha mágica do mundo, é a ferramenta mais poderosa que temos para transformar as coisas, para que elas sejam como a gente quer”

Eu sei que é piegas, mas precisamos resgatar nas crianças essa leitura de política para contrapor àquilo que hoje permeia nosso imaginário sobre o tema, de que política é algo é errado, feio. Política não é errado nem feio, é algo poderoso. Eu quero crianças políticas, por que quero que elas sejam agentes transformadores da mudança.

“Não quero explicar política como representação, quero explicar como força de transformação”

Pedro Markun: Acho que a escola tem que ser politizada e debater o tema, não deve ser doutrinária, tem que empoderar a criança para pensar autonomamente, tem que falar de forma crítica, sensível e inteligente e, diria, envolvendo os pais. Não dá para fazer dissociado. O ideal é que seja um diálogo entre diferentes partes.

Para facilitar a prática do diálogo aberto sobre o tema em casa ou na escola, separamos as dicas de Pedro em tópicos.

Como falar de política com as crianças?

 

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