“Se a um ser humano dizemos que a única coisa que importa de tudo o que está fazendo agora é preparar-se para continuar vivendo, estamos falando a um escravo, e não a ser humano.”
A fala acima é da psicóloga argentina Silvia Bleichmar. Em entrevista ao Laboratório de Educação, ela levanta uma questão urgente quando o assunto é educação infantil e sociedade: por que e, principalmente, para que educamos as nossas crianças?
É justamente sobre essa questão que se debruça uma animação encantadora, produzida por Daniel Martínez e Rafa Cano Méndez. O filme “Alike” (“Semelhante”, em tradução livre) consegue, em menos de dez minutos, fazer uma reflexão profunda sobre os papéis sociais que transmitimos para uma criança, e como os valores de vida que comunicamos em nossas atitudes refletem no modo como as crianças percebem seu papel no mundo.
Na história, o personagem Copi é um pai trabalhador e engajado, que se preocupa em ensinar o caminho certo para seu filho. Porém, a rotina atribulada não lhe deixa refletir por que faz isso, e mais importante, para que faz isso. Ele só cumpre horários, executa tarefas e ensina o filho a repetir este comportamento.
O desenrolar dos acontecimentos mostra como, muitas vezes, copiamos os padrões que nos ensinaram, sem parar para pensar sobre o sentido daquilo. Afinal, “certo” e “errado” são valores social e historicamente construídos, e mais importante do que inseri-los em nossas vidas é refletir sobre o que funciona para cada indivíduo e cada família.
Por sua sensibilidade e linguagem poética e delicada, o vídeo pode ser utilizado em sala de aula, por educadores que queiram propor uma discussão sobre sociedade, cultura, economia, valores familiares, padrões comportamentais e relações interpessoais.