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“Amal”: livro infantojuvenil retrata vida de crianças refugiadas

Foto da capa do livro “Amal”, a viagem mais importante da sua vida. Infanto-juvenil que retrata crianças refugiadas

“Amal”, em árabe, significa “esperança”. Uma palavra que tem andado desnutrida em tantos lugares e contextos pelo mundo, mas que se alimenta e ganha vida a partir do contato com a humanidade em nós mesmos. Um desses caminhos é a literatura infantil. Nas páginas do livro “Amal e a viagem mais importante de sua vida”, recém lançado pela Editora Caixote e Webcore Games, Amal é uma menina que viaja sozinha da Síria até a Itália para fugir da guerra.

Escrito por Carolina Montenegro, com narrativa visual do premiado ilustrador e escritor Renato Moriconi, a obra é inspirada na trajetória de crianças que vivem situações de refúgio e que são obrigadas a deixar seus países e famílias. Às vezes, apenas com um endereço de referência em língua estrangeira no bolso, com o nome de um familiar distante. 

“Depois daquela noite fria de outono, tudo mudou para sempre na vida de Amal. Naquela noite, choveram bombas”, diz um trecho do livro.

A obra é um misto de medo e aventura: Amal enfrenta viagens de carona até a Turquia, chegando de barco até a Grécia e embarcando novamente até a Itália para encontrar um tio distante chamado Malik. Com mais coragem do que anos de vida, a menina encara a jornada como nos seus contos preferidos, os de Simbad, que “fez sete grandes viagens pelo mundo, enfrentando monstros e tempestades de areia e conhecendo povos que falavam línguas estranhas.” 

Sobre os autores

Carolina Montenegro é uma jornalista brasileira que atuou como correspondente na Itália e no Oriente Médio para assuntos relacionados a migração e refúgio, para a BBC e outros veículos importantes. Especialista em Comunicação e Advocacy, ela trabalhou para a organizaçāo Médicos sem Fronteiras e para agências da ONU. É autora também de “Sobre Jasmins, Bombas e Faraós” (Editora Record 2014). 

Renato Moriconi é artista plástico e escritor.Tem obras publicadas no Brasil e em diversos outros países. Recebeu alguns prêmios pelos seus livros, como o troféu Monteiro Lobato e o Jabuti. Seu livro Bárbaro gurou na lista do The Boston Globe dos melhores livros infantis publicados nos EUA em 2018. (Fonte: Editora Caixote

Formatos impresso e digital

A leitura pode ser feita tanto no formato impresso quanto digital. A obra impressa carrega ilustrações exclusivas desenhadas por Renato Moriconi, além de conter um apêndice com informações sobre migração e refúgio. A ideia é que o conteúdo possa estimular jovens leitores a discutir sobre o tema em família ou nas escolas. 

Já a narrativa no livro-aplicativo é uma mistura de locução, imagens animadas e efeitos sonoros. O formato está sendo disponibilizado gratuitamente nas lojas App Store e Google Play, sendo também um meio de arrecadação voluntária de recursos para contribuir com iniciativas humanitárias. 

Ao baixar o aplicativo, as pessoas podem escolher se querem e quanto querem pagar. Com esta última opção, há possibilidade de ouvir a obra narrada por locutores que possuem uma relação especial com o tema, cujos sotaques carregam muitas outras histórias como pano de fundo.

Ao todo, 20% será destinado a projetos humanitários do ACNUR – Agência das Nações Unidas para Refugiados e o restante financiará a manutenção e expansão do projeto. Até o final de 2019, o livro será traduzido para três idiomas, ganhando novas narrações.

História(s) do livro “Amal”

Após a morte de seus pais durante os conflitos armados no Iraque, Amal foi viver na Síria com seu avô. Ele foi a grande referência na vida da menina. Era seu professor, já que a escola mais próxima ficava a duas horas de caminhada. Com ele, Amal aprendeu a ler, escrever e pensar a história do mundo. Mas ela não compreendia a guerra. E quem é que entende, afinal?

“É nos livros que está o segredo da vida, Amal. Cada coisa no mundo só existe porque é representada por uma palavra, um nome. E são as palavras que fazem o homem eterno, porque elas vivem para sempre.” 

(…)

Amal fechava os olhos e ficava imaginando as histórias até cair no sono. (Amal, e a viagem mais importante de sua vida, de Carolina Montenegro) 

Mas os livros foram trocados por comidas e itens básicos. Porque na guerra, além das vidas também são apagadas muitas possibilidades de sonhos. As palavras, no entanto, como defende o avô de Amal, permanecem e honram as histórias tanto dos que tiveram que se reinventar como daqueles não tiveram tempo de falar por si próprios.

“Amal e a viagem mais importante de sua vida” é uma homenagem às milhões de crianças em situação de refúgio, sobretudo, aquelas centenas de milhares que viajam sós pelo mundo para sobreviver. A obra convida uma reflexão: “como seria ter de cruzar sozinho mares e fronteiras?”

A Síria (oficialmente, República Árabe Síria) é um país situado na Ásia Ocidental. Faz fronteira com o Líbano e o mar mediterrâneo a oeste; com a Turquia ao norte; o Iraque ao leste, a Jordânia ao sul e Israel ao sudoeste. Ou como descreve o avô de Amal: “É o berço de grandes civilizações, de antigos idiomas e de milenares culturas. Um lugar mais antigo do que o tempo.” Em março de 2019, a guerra na Síria completou 8 anos. 

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