Acaba de ser lançado o Afropai, “o primeiro podcast sobre paternidade negra do Brasil”, como afirmam os apresentadores do programa semanal publicado pela plataforma Paizinho, vírgula. “Depois de produzir dois episódios sobre a paternidade afro, vi que era a hora de a gente falar sobre outros detalhes para além do casos de racismo que pais e crianças negras sofrem no Brasil”, afirma Thiago Queiroz, autor do do Tricô de Pais.
O projeto conta com a participação de Hélio Gomes, paulista, Leandro Ferreira, mineiro e Diego Francisco, carioca. Hélio é corretor seguros e pai da Elis, de dois anos, uma menina branca, na capital de São Paulo. “A cada gravação a gente sai de uma verdadeira sessão de terapia. É ótimo ter a oportunidade de apenas falar da paternidade sem o peso de ter que falar só de racismo”, desabafa.
Leandro Ferreira é professor no curso de Relações Internacionais na PUC – Pontifícia Universidade Católica – e pai do Benjamin, de sete meses. Além das mudanças na rotina com a chegada do bebê, enfrentar os desafios da paternidade tem sido um motor a mais para a jornada multitarefas do pai, que também dança nas horas vagas.
“Gravar este podcast é uma tarefa que eu topei por dar a oportunidade de compartilhar uma vivência particular e encontrar outras. Se os pais, em geral, tem dificuldade de falar sobre filhos e o cuidado, imagine os pais negros?”, indaga.
O jornalista Diego Francisco, aponta para a importância de pais negros se encontraram para compartilhar experiências. “A gente compreende que este podcast não é apenas para pais negros ou para ensinar os brancos como é a nossa vida, mas é uma oportunidade de ampliar a vivência da paternidade com a nossa diversidade”, convida Diego, pai do Antônio, que chega esse mês.
O maior desafio em ser um pai negro nesse país é lidar o tempo inteiro com o desespero de ver seu filho crescendo em uma sociedade extremamente racista. E, pensar a todo momento em como preparar a sua cria para ser forte e enfrentar isso de frente.
A depender do círculo em que está inserido, a maior dificuldade está em reconhecer a paternidade e lidar com ela de maneira saudável, uma vez que o racismo brasileiro é tão bem estruturado que interfere até mesmo nessas pequenas relações afetivas.