O inverno chegou na última quarta-feira, 21 de junho! Qual cena mais comum dessa época vem à cabeça de pais com crianças pequenas? Crianças com nariz escorrendo, tossindo e com febre. Para os bebês que frequentam creches e berçários, é época de todos os pequenos ficarem doentes ao mesmo tempo.
Mas, como será que podemos reduzir os incômodos deste momento para adultos e crianças aproveitarem o inverno sem traumas?
A orientação mais valiosa e que serve para todas as doenças respiratórias desta época é: prefira levar crianças e bebês para ambientes arejados bem ventilados e lave frequentemente as mãos.
Para tirar todas as dúvidas sobre o assunto, o Lunetas em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein conversou com Adriana Vada Souza Ferreira, médica pediatra do Pronto-Atendimento da unidade Unidade Morumbi.
Confira a entrevista!
- Lunetas: Qual á a diferença entre gripe, resfriado, pneumonia e alergia?
Adriana Ferreira: Gripe, resfriado e pneumonia são doenças infecciosas das vias respiratórias. Já a alergia, não é infecciosa, depende de uma sensibilização prévia a determinada substância e é desencadeada pelo contato com substancias como ácaros, corantes, leite, frutos do mar. A alergia não causa febre.
O resfriado é uma doença viral aguda de vias aéreas superiores (o que significa que não acomete pulmão), tem um período limitado e determinado, afebril ou com febre baixa, causa sintomas gerais discretos como dor de garganta, espirros e coriza clara.
Já a gripe também é causada por vírus, porém com sintomas mais intensos, febre alta, dor de cabeça, dor no corpo, dor garganta, tosse e coriza. Geralmente acomete apenas trato respiratório superior, mas nos casos mais severos, principalmente em pacientes de risco, pode acometer pulmões. São considerados pacientes de risco para desenvolver doença mais graves, as crianças menores dois anos, idosos, asmáticos, portadores de imunodeficiência e cardiopatas.
A pneumonia é doença infecciosa do trato respiratório inferior (pulmões), e causa com febre, tosse, prostração. Pode ser viral e/ou bacteriana.
- Lunetas: Qual é o principal indicativo de que devo levar meu filho ao pronto socorro ou UBS – Unidade Básica de Saúde?
Adriana Ferreira: Crianças menores de dois anos com febre e tosse necessitam de avaliação médica. Crianças de qualquer faixa etária com tosse, prostração e desconforto respiratório (respiração rápida e com esforço) necessitam de avaliação no pronto socorro.
Já, se a crianças de qualquer idade estiver com tosse, coriza e febre mantida por mais de 72 horas, ela necessita de avaliação médica.
- Lunetas: Como prevenir para que cada uma dessas doenças não apareça?
Adriana Ferreira: Ambientes arejados bem ventilados e lavagem frequente das mãos são recomendações gerais de prevenção de doenças respiratórias. No caso da gripe causada pelo vírus influenza A e B, está disponível vacina nas Unidades Básicas de Saúde e rede privada.
A vacina contra a gripe está disponível nos postos de saúde da rede pública para crianças entre seis meses e menores de cinco anos, pessoas com 60 anos ou mais (idosos), trabalhadores de saúde, povos indígenas, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional e pessoas com doenças crônicas não transmissíveis ou com outras condições clínicas especiais, além dos professores.
- Lunetas: Se não tratada, alguma dessas oferece algum risco? Pode comentar sobre a vacina da gripe em crianças?
Adriana Ferreira: A gripe pelo vírus Influenza oferece risco de doença respiratória aguda grave principalmente para crianças menores dois anos, idosos, gestantes, asmáticos, imunodeficientes e cardiopatas. A vacina está indicada anualmente, principalmente para os grupos de risco, com objetivo de evitar doença grave. Além disso a prevenção e tratamento precoce da gripe com o Tamiflu Oseltamivir (medicação anti viral, uma das únicas drogas capazes de atuar contra o vírus influenza) está indicado para os pacientes de risco.
- Lunetas: Uma criança ou bebê com este sintomas em casa deixa aflita toda a família. O que você diria para uma família que está passando por este momento agora?
Adriana Ferreira: Se a criança apresenta tosse e coriza, sem febre, e está ativa brincando sem cansaço para respirar, basta seguir as orientações para resfriado comum. Crianças febris menores dois anos ou portadoras de doenças crônicas, com os sintomas acima descritos, necessitam avaliação médica. Agora, se a criança, de qualquer idade, estiver prostrada, sem energia, com cansaço para respirar, ela precisa de atendimento no pronto socorro.
- Lunetas: crianças pequenas na creche e berçário ficam muito doentes. Como escolas e famílias podem lidar com essa fase?
Adriana Ferreira: Durante o período febril as crianças devem ficar afastadas da escola e berçário, para descanso, hidratação, medicação antitérmica e observação dos sinais de alerta. Ficando em casa, a possibilidade de transmissão destas doenças no ambiente escolar diminui.
As crianças maiores que não apresentam febre e frequentam a escola com tosse e coriza, devem ser orientadas a cobrir a boca durante a tosse, utilizar lenços descartáveis e lavar as mãos com frequência.
- Lunetas: Brincar e sair na chuva e no frio. Devo deixar as crianças fazerem isso??
Adriana Ferreira: A inalação de ar frio pode prejudicar o “clareamento” de partículas do nariz, garganta, traquéia e brônquios favorecendo a adesão e penetração de vírus e bactérias no trato respiratório.
- Lunetas: A lavagem nasal é indicada para qual caso? Como fazer corretamente nas crianças e nos bebês?
Adriana Ferreira: O nariz é a porta de entrada de diversas infecções respiratórias, pois é o primeiro local por onde o ar passa até alcançar os pulmões. A limpeza nasal adequada constitui em uma forma de prevenção das doenças respiratórias, ajuda no tratamento das infecções virais e restabelece as funções fisiológicas do nariz. Para realizar a higiene recomendamos o uso de soro fisiológico líquido (cloreto de sódio a 0,9% ) aspirado com uma seringa de 10 ml. O procedimento pode ser feito três ou quatro vezes ao dia.
Como fazer nos bebês
- Para retirar secreções mais superficiais das narinas do bebê, utilize uma haste flexível de algodão umedecida em soro fisiológico, tomando cuidado para não introduzir a haste profundamente;
- Em seguida, com auxilio da seringa, instile o soro fisiológico em uma das narinas;
- Fechando a narina contrária e a boca ao mesmo tempo. Se o bebê chorar, solte somente os dedos que estão segurando a boca, permitindo o abrir e fechar.
- Repita o mesmo procedimento na outra narina.
Nas crianças maiores
- Explicar para a criança a importância da limpeza do nariz e como ela será feita;
- Com a cabeça da criança elevada, instile o soro fisiológico em uma das narinas. A narina
contrária deve permanecer fechada. Peça para a criança puxar o soro pela narina (fazendo o movimento de
cheirar); - Repita o mesmo procedimento na outra narina.
*Este conteúdo foi produzido pelo extinto Catraquinha em junho de 2017, em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein. Em maio de 2018, o Catraquinha migrou para o Lunetas.
A vacina disponibilizada pelo governo brasileiro protege contra os três subtipos do vírus da gripe determinados pela Organização Mundial da Saúde para este ano (A-H1N1, A-H3N2 e influenza B).